domingo, 13 de fevereiro de 2011

Carnaval 2011 - Sambas Fora do Eixo (Porto Alegre, Vitória e Juiz de Fora)

Na penúltima parte da série sobre os sambas-enredo, vou comentar os sambas de três cidades que parecem nem ter carnaval, de tão pouco que se fala nelas.

Porto Alegre
É o terceiro ano em que escuto os sambas de Porto Alegre, e, até agora, são os melhores fora do eixo Rio-SP. Um fato curioso que sempre chama minha atenção (e eu acho legal) é o forte sotaque de alguns dos intérpretes. A sequência deste ano (áudios aqui) começa em alto nível com a Academia de Samba Praiana ("Pelos caminhos da vida fiz minha pátria. Sou cigano, sou do mundo, sou feliz"), que colocou o ritmo cigano até na introdução. Os Bambas da Orgia ("Ô Abre-Alas que eu quero passar") também têm um samba bem legal (aliás, parece que as ligas de escolas de samba de cada cidade se uniram e decidiram que pelo menos uma escola deveria falar de carnaval, né? Cada cidade tem um enredo assim...).

Outros sambas que merecem destaque (positivo) são os da Acadêmicos de Gravataí ("A Onça Negra, em seu cinquentenário, busca inspiração em um doce Refúgio Chamado Cacique de Ramos", sobre o bloco de rua carioca), da Imperadores do Samba ("Na História contada por Imembui e Morotin, a Imperadores é Santa Maria da Boca do Monte", sobre a cidade gaúcha) - minha escola preferida, diga-se - e o da Embaixadores do Ritmo ("A música, a mística, a fé, a lenda – Salve Jorge", sobre São Jorge), na minha opinião o melhor do ano: excelente melodia, refrão forte, letra didática. O principal destaque negativo fica com o Estado Maior da Restinga ("A Restinga Multirracial Celebra a África de Mandela na Festa do Carnaval"), principalmente pela introdução (Wander Pires, não satisfeito em estragar o samba exaltação da Vai-Vai, resolveu fazer besteira em outras cidades), mas também pela fraca letra e pela falta de timing ao falar de África do Sul após a Copa do Mundo.

Vitória
Sem preconceitos, escutei pela primeira vez os sambas do grupo especial de Vitória, Espírito Santo. Não me surpreendi, nem positiva nem negativamente. São sambas corretos, normais, sem grandes tragédias ou pérolas. Os que eu mais gostei foram o da Unidos da Piedade ("Senhoras e senhores, bom espetáculo", sobre a dança), que tem uma letra curta e objetiva, e o da Unidos de Jucutuquara ("Dá um tempo!", sobre relógios e o tempo), com letra criativa e melodia empolgante. Aliás, só pelo nome, a Jucutuquara já virou minha escola em Vitória (rs). Não gostei de alguns, principalmente do da Novo Império ("Saiu do Papel meu Carnaval", sobre a história do papel). O enredo é promissor, mas o samba é fraco, só se salvando os refrões.

Juiz de Fora
Sim, Juiz de Fora tem carnaval. Também foi a primeira vez que eu escutei os sambas de lá, e também achei normais (letras aqui e sambas aqui). Em relação aos de Vitória, não são nem melhores nem piores. Meus preferidos são o da Partido Alto ("Na verde e rosa é tempo de Alegria... É carnaval"), com ótima melodia, o da Vale do Paraibuna ("Nas Asas do Gavião, A Vale Voa Sobre As Terras Tupiniquins. Mostrando As festas e o Folclore Brasileiro - Homenageando a Escola de Samba Castelo de Ouro") - essa letra é curiosa na parte do "Vamos mostrar na avenida teus folguedos neste enredo original", já que um enredo sobre folclore de original não tem nada - e o da Acadêmicos do Porto Ciciliano ("Do Lixo que Reluz ao Brilho que Seduz"), que tem uma letra muito criativa para o tema.

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