segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Djokovic, Federer e o 2º lugar do ranking da ATP

É, eu definitivamente virei um tênis-maníaco, capaz de ficar horas fazendo contas e prevendo os próximos movimentos no ranking. Após o Australian Open, a diferença de Rafael Nadal para Roger Federer aumentou mais de mil pontos, graças à derrota do suíço nas semi e aos pontos das quartas que o espanhol conseguiu defender. Por pouco, por muito pouco, Federer não só saiu de Melbourne mais longe de Nadal, como também em terceiro no ranking. O título de Novak Djokovic fez a diferença entre os dois cair para míseros 85 pontos, tão pouco que pode ser tirado em qualquer torneio que eles disputarem. Por isso, resolvi analisar o calendário de cada um nos próximos meses e ver como o ranking pode se comportar até lá.

Até Indian Wells (que começa em 7 de março),  Djokovic defende 180 pontos de uma semifinal em Roterdã e 500 pontos do título em Dubai. Por causa da regra dos 18 torneios, entretanto, aqueles 180 pontos não estão contabilizados no ranking dele. Explicando resumidamente, a ATP obriga todos os top-30 a jogarem os quatro Grand Slams, oito dos nove Masters 1000 (Monte Carlo é o único que não é obrigatório), quatro ATP 500 e dois outros torneios quaisquer (ATP 250 ou Challengers), totalizando 18 torneios. Se o tenista disputar mais que isso, são contados apenas os melhores resultados. O torneio de Monte Carlo, apesar de ser um Masters 1000, pode ser usado como quarto ATP 500 se a pontuação for maior, o que é o caso de Djokovic, que fez 360 pontos em Monte Carlo e 300 em Basileia. Assim, o sérvio tem contabilizados 500 pontos de Dubai, 500 de Pequim, 505 da Copa Davis (que vale como um ATP 500) e 360 de Monte Carlo. Ficaram de fora os 300 de Basileia, além dos 180 de Roterdã.

Pois bem. Federer e Nadal não defendem nada nas próximas semanas. No entanto, Nadal decidiu jogar a Copa Davis (que não vale muita coisa nesta primeira fase e não fará nem cócegas na sua pontuação) e Federer decidiu jogar em Dubai (pondo uma pressão danada em Djokovic). O que pode acontecer com o ranking nesses próximos torneios?

A conta até aí não é muito complicada, porque não há tantas possibilidades de mudanças assim. Se Djokovic for campeão em Roterdã, seus 500 pontos passarão a ser contabilizados, e os 360 de Monte Carlo serão desprezados (só são contados os quatro melhores ATPs 500, lembra?). O sérvio, somará, portanto, 140 pontos, suficientes pra ultrapassar Federer e ficar com uma vantagem de 55 pontos. Aí os dois chegarão a Dubai e bastará a Federer ir até as quartas de final pra retomar a vice-liderança. O melhor cenário para Djokovic será vencer os dois torneios e torcer para Federer cair na primeira rodada em Dubai. Se isso acontecer (sonhar não custa nada), o sérvio vai para os Estados Unidos com 55 pontos de vantagem para o suíço. Se Djokovic não repetir o título em Dubai, Federer volta ao número 2 mesmo que seja eliminado logo na primeira rodada. Em todos os outros cenários possíveis (Djokovic perdendo em qualquer fase em Roterdã ou em Dubai), Federer se mantém como número 2. O melhor cenário para Federer é vencer Dubai e torcer para Djokovic não ser campeão em Roterdã e cair na primeira rodada em Dubai. Se isso acontecer (mais uma vez, sonhar não custa nada), Federer soma 500 pontos, enquanto Djokovic perde 200 (sai Dubai e entra Basileia na conta dos quatro melhores ATPs 500), levando a diferença para 785 pontos.

Chegando aos Estados Unidos, os três tenistas vão disputar Indian Wells e Miami, torneios obrigatórios que dão a cada vencedor 1000 pontos. Em 2010, Nadal chegou às semifinais em ambos, somando 720 pontos. Mas esqueçamos Nadal, ele só vai começar a sentir a pressão de ter sido um papa-títulos em 2010 quando tiver que defender os 5000 pontos no saibro, entre abril e maio. Federer fez péssimas campanhas e só defende 135 pontos. Djokovic fez menos ainda e defende 100 pontos. Vamos especular o que aconteceria se os dois chegassem lá em cada um dos cenários imaginados anteriormente.

Se Djokovic chegar com vantagem de 55 pontos, Federer precisará vencer os dois torneios pra voltar ao número 2 sem depender da campanha do sérvio (somaria 2000 pontos, descontaria 135 do ano passado e veria Novak somar no máximo 1200, ou seja, dois vices, e descontar 100, saindo dos EUA com 710 pontos de vantagem). Se Federer se der bem nos ATP 500 e chegar com vantagem de 785 pontos, terá que torcer pra Djokovic não chegar na final em nenhum dos dois torneios pra ficar em segundo mesmo sendo derrotado na primeira rodada em ambos.

É claro que nesse intervalo há muitas outras possibilidades, mas seria muito difícil calcular cada cenário, cada cruzamento, cada resultado. O que importa é: só por milagre Federer sai dos EUA com mais de 1500 pontos de diferença pra Djokovic e só por milagre Djokovic sai dos EUA com mais de 500 pontos de vantagem para Federer. O que isso tudo quer dizer? A temporada de saibro (na qual o sérvio defende 585 pontos e o suíço defende 610) será emocionante, já que, se Nadal não repetir a monstruosidade que fez em 2010, a briga no topo do ranking não será pelo segundo lugar, mas sim pelo primeiro, e com pelo menos três tenistas (Murray também defende pouca coisa até Roland Garros e, dependendo da sua sorte nas chaves e da sua cabeça, pode entrar nessa briga).

***
Update: Djokovic acaba de jogar por água abaixo toda essa análise ao comunicar que está fora de Roterdã por uma lesão no ombro. A coisa agora fica mais simples: Djokovic e Federer terão confronto direto em Dubai, mas Federer já se garantiu na segunda posição até Indian Wells. Isso porque se Djokovic for campeão, não somará nada, e qualquer vitória de Federer já dará pontos ao suíço (que, só lembrando, não participou em 2010 e, por isso, não defende nada). A diferença entre os dois pode ir, portanto, de 85 (com Djokovic campeão e Federer eliminado na primeira rodada) a 785 (com Federer campeão e Djokovic caindo na primeira rodada), sempre a favor de Federer. Alguém na Suíça respira um pouco mais aliviado...

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