sábado, 22 de janeiro de 2011

Carnaval 2011 - Sambas do Rio de Janeiro (Acesso A e Acesso B)

Na terceira parte da série sobre os sambas do carnaval 2011, darei minha opinião sobre os sambas dos grupos de acesso A e B do Rio de Janeiro (segunda e terceira divisão).

Acesso A (desfila sábado, 5 de março)
O primeiro ponto a observar é que a Liesa cometeu um crime alguns anos atrás quando decidiu reduzir o número de escolas do grupo especial de 14 para 12. A prova disso é que há muitos sambas e muitas escolas excelentes num inchado grupo de acesso, que esse ano terá onze escolas, cada uma com até 58 minutos de desfile, todas na mesma noite, totalizando mais de 10 horas e meia de desfile, excluindo os intervalos entre as escolas. Não bastasse isso, apenas uma escola sobe por ano, e geralmente cai no ano seguinte, mais por preconceito dos jurados do que por qualquer outro motivo. Enfim, um absurdo.

Sobre os sambas, não tenho dúvidas de que o do Império Serrano ("A benção, Vinicius", sobre Vinicius de Morais) é o melhor do ano, com letra e melodia incríveis. No ano passado eu me surpreendi com a qualidade das introduções dos sambas do acesso. Esse ano elas continuam ótimas, mas não tanto quando em 2010. A do Império, por manter o nível, se destaca.

Outro que achei bem legal foi o da Renascer de Jacarepaguá ("Águas de Março", sobre o Circuito das Águas Paulista). Apesar de a letra lembrar a do ano passado (chegando a ser repetitiva em alguns pontos), a melodia é bem superior, uma das melhores que eu ouvi este ano. A Unidos do Viradouro ("Quem sou eu sem você?", sobre comunicação) também tem um dos melhores sambas do ano, embora o título sugira mais um enredo sobre paixão e volta por cima (após o rebaixamento inédito do ano passado) do que sobre comunicação. A Inocentes de Belford Roxo ("De Guarulhos para o palco da folia, sonhos, irreverência e alegria. Mamonas para sempre!", sobre os Mamonas Assassinas) traz uma introdução bastante criativa (algumas notas de "Pelados em Santos") e um refrão do meio muito bom. Por último, destaco entre os melhores o da Estácio de Sá ("Rosas"). Apesar de não chegar aos pés do da Rosas de Ouro de 2005, sobre o mesmo tema, tem melodia e letra equilibradas e com alto nível.

O da Acadêmicos de Santa Cruz ("Paz e amor! O sonho não acabou...", sobre os anos 1960) têm uma incrível discrepância entre a ótima melodia e a péssima letra. O Império da Tijuca ("O Mundo em Carnaval - Um olhar sobre a cultura dos povos", sobre o carnaval no mundo) traz outro exemplo de samba com ótima melodia e letra fraca, algo meio difícil de evitar quando o enredo é tão batido como este. Os outros sambas (Alegria, Cubango, Rocinha e Caprichosos) são, na minha opinião, apenas medianos, não merecendo maiores destaques.

Acesso B (desfila terça, 8 de março)
É a primeira vez que eu escuto os sambas do grupo de acesso B. Nesse grupo começamos a ver escolas com nomes curiosos, como Arranco e Difícil é o Nome, ao lado de históricas escolas em péssima fase, como Lins Imperial, Tradição e Paraíso do Tuiuti.

O problema da mesmice também aparece neste grupo, com sambas muito parecidos e sem empolgação. O destaque positivo vai para a Sereno de Campo Grande ("Sereno... A essência do carnaval", sobre a história do perfume), que tem uma boa melodia e uma letra bastante criativa. Outro que está bem acima da média é o da União do Parque Curicica ("Eu sou o samba, a voz de um povo brasileiro"). Tem uma letra boa e que encaixa perfeitamente na melodia.

Já o destaque negativo fica com a Lins Imperial ("Um lugar chamado favela"), que traz um samba com letra pobre, repetitiva (a palavra "favela" aparece cinco vezes, sendo três no refrão do meio) e até depreciativa ("Sonhar e me educar, espero não ser mais um Silva"?! Hein?!). Bem menos ruim, mas ainda assim um dos piores, é o da Tradição ("Juazeiro do Norte, terra de oração e trabalho. 100 anos de Fé, Poder e Tradição"). Além dos clichês ("Terra de 'cabra da peste'", por exemplo), tem um aparentemente inexplicável "A terra, o homem, a luta" (títulos das três partes de Os Sertões, obra de Euclides da Cunha que fala da Guerra de Canudos, povoado baiano).


Ainda faltam os comentários sobre os grupos especiais de Vitória, Juiz de Fora, Porto Alegre e São Paulo. Aguarde os próximos capítulos.

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