terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Carnaval 2011 - Sambas do Rio de Janeiro (Especial)

No segundo capítulo da série, aí vai minha opinião sobre os sambas 2011 das escolas do Grupo Especial do Rio de Janeiro. Eu já havia comentado sobre eles no Twitter logo após ouvi-los pela primeira vez. Como nem me lembro mais o que escrevi, pode ser que tenha alguma coisa diferente, mas, se tiver, é o susto inicial que passou. Com o tempo, quase nenhum samba fica esquisito.

De modo geral, o CD está mediano, com todos os sambas meio parecidos, como disse algum especialista, acho que do SRZD (não consegui achar o link exato). Nos refrões, alguns são excelentes, outros dão dor de cabeça. De negativo, fica a ideia de jerico (é com g ou com j?) de fazer um intérprete chamar o outro. Quando se muda a ordem das faixas (como eu sempre faço, já que classifico pela ordem de desfile), fica uma bagunça desgraçada. Sem mais delongas, eis as notas:

- São Clemente ("O seu, o meu, o nosso Rio, abençoado por Deus e bonito por natureza", uma ficção sobre a história do Rio de Janeiro"): é resultado de uma fusão dos dois finalistas. Gostei muito dos refrões, mas no resto a letra não é lá essas coisas. Nota 9,6

- Imperatriz Leopoldinense ("A Imperatriz adverte: Sambar faz bem à saúde", sobre a história da medicina): a letra do primeiro refrão é muito forte, mas seu ritmo deve cansar os componentes. O resto da letra é normal, sem grandes trechos. O final é bem ruizinho. Nota 9,4

- Mocidade Independente ("Parábola dos Divinos Semeadores", sobre a agricultura): reciclagem do samba de 2010. Tão ruim quanto. E é só. Aliás, pra não dizer que não tem nada bom, o segundo refrão é legalzinho. Nota 8,9

- Unidos da Tijuca ("Esta noite levarei sua alma", sobre o terror no cinema): como foi um dos dois únicos que eu escutei antes da versão oficial, já estava mais acostumado, mas ainda assim me surpreendi, só que positivamente. Aquela métrica trágica do primeiro verso do refrão do meio foi corrigida e ficou muito mais audível. Parabéns a quem percebeu que aquilo estava horroroso. A letra é muito bem feita, tanto que ninguém faz ideia do que se trata. O desfile promete. De novo. Nota 9,8

- Unidos de Vila Isabel ("Mitos e Histórias Entrelaçadas Pelos Fios de Cabelo", sobre... a história do cabelo): Rosa Magalhães, minha querida, você vai ter trabalho. Não duvido que a Vila consiga fazer um ótimo desfile (quem duvidar da Rosa é louco), mas o samba não é mais que mediano. A melodia, apesar de (muito) acelerada, é bem boa, mas a letra... Nota 9,3

- Estação Primeira de Mangueira ("O filho fiel, sempre Mangueira", sobre Nelson Cavaquinho): o primeiro refrão é excelente. O resto da letra também é muito bom, mas num nível um pouco abaixo. Na melodia, destaque para o velho Surdo 1, que aparece mais do que em qualquer outro samba. Só não gosto muito dessa história de três intérpretes, é muito estranho. Nota 10,0

- União da Ilha ("O Mistério da Vida", sobre Charles Darwin): não sei se, sem Rosa Magalhães, a Ilha vai conseguir se manter no Grupo Especial. O samba é bem mais ou menos, com letra sem muito conteúdo e melodia simples demais. Nota 9,0

- Acadêmicos do Salgueiro ("Salgueiro apresenta: O Rio no cinema", sobre os filmes já rodados no Rio de Janeiro. Eu acho): esse é um daqueles sambas que você precisa escutar duzentas vezes pra gostar, ou, ao menos, se acostumar. Mesmo após mais de um mês ouvindo, ainda não consigo entender o que a letra quer dizer. É uma salada tão grande que eu não sei se eles vão contar apenas uma história ou vão passar por várias. Apesar disso, acho a letra criativa e a melodia excelente. Nota 9,8

- Portela ("Rio, azul da cor do mar", sobre a história da navegação): ah! que saudade da visão de aquarela... A Portela vem fazendo um samba pior que o outro. Neste, os únicos versos que se salvam são "oi leva mar, oi leva / leva a jangada numa nova direção" (achei a ideia criativa para marcar a mudança de setor). O resto é péssimo. Nota 8,7

- Acadêmicos do Grande Rio ("Y-JURERÊ MIRIM – A Encantador Ilha das Bruxas (Um conto de Cascaes)", sobre Florianópolis): a mais grata surpresa do CD 2011. Melodia alegre, excelentes viradas, letra bem didática, enfim, um samba muito bom. Sem ressalvas. Nota 10,0

- Unidos do Porto da Pedra ("O sonho sempre vem pra quem sonhar", sobre a escritora Maria Clara Machado): outra boa surpresa. Letra didática e muito leve, melodia simples, mas com bom efeito. O refrão do meio é, com certeza, Top 5 de 2011. Não posso deixar de comentar que, por motivos óbvios, meu verso preferiro é "Vai, vai, vai, vai" (rs). Nota 9,9

- Beija-Flor ("A Simplicidade de um Rei", sobre Roberto Carlos): cara, sério, esse samba não é da Beija-Flor. Não combina, não encaixa. Não consigo acreditar que é Neguinho que está cantando isso. Cadê as palavras impronunciáveis em dialetos africanos e indígenas? Que saudade do "com tubichá e o feitiço de crué / na yvy maraey, aiê... povo de fé" e do "Ogun yê, o Onirê, ele é odara"... Nota 9,4

Por enquanto é isso. Novamente lembro que tentei dar as notas como um jurado, ou seja, usando notas fracionadas, altas e parecidas.

Além dos grupos especiais de São Paulo e Porto Alegre, eu também vou me meter a dar pitacos nos grupos de acesso A e B do Rio e nos especiais de Vitória (!) e Juiz de Fora (!!) (eu não sei onde isso vai parar...).

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