sábado, 17 de dezembro de 2011

Os sambas do Rio de Janeiro

Gente, quanto tempo! Voltei a este blog pra começar a falar dos sambas de 2012, iniciando pelo Rio de Janeiro. Sem enrolação, vamos lá:

Comentários gerais

A ideia da Liesa de aumentar a participação dos coros foi muito boa. É bem legal ouvir centenas de vozes cantando a mesma música. Ainda acho estranho alguém (Jorge Perlingeiro, no caso) apresentando os sambas, mas pelo menos é melhor do que um intérprete chamar o outro. As baterias estão muito bem afinadas e as introduções estão mais curtas (a maior é a da Imperatriz, com 39 segundos).

Não gostei da repetição exagerada do primeiro refrão no fim do samba (como fizeram Portela, Salgueiro, Mangueira...), mas gostei muito da fusão de samba com outros ritmos em determinados versos (como fizeram Portela, São Clemente, União da Ilha, Salgueiro, Unidos da Tijuca...). Um bom CD, no fim das contas.


Comentários específicos

- Renascer de Jacarepaguá: O agogô, meu instrumento preferido nas baterias, aparece com força logo no começo, mas depois quase desaparece. A letra é bem mais ou menos (nenhum dos refrões empolga), mas a melodia é muito boa (aliás, acho a bateria da Renascer uma das melhores do Rio).

- Portela: O melhor do ano. Samba que tem agogô forte me ganha na hora. Esse, além disso, tem uma estrutura totalmente incomum, com três refrões. A última estrofe é a mais fraca de todas, mas ainda assim a obra é excelente. O enredo já foi abordado dezenas de vezes, mas esse samba pode dar um fôlego novo para a escola que não vence um carnaval há mais de vinte anos. É mais acelerado que os outros sim, mas todo samba fica mais acelerado na hora do desfile, então é só fazer a escolha certa neste momento e não haverá grandes correrias.

- Imperatriz Leopoldinense: Eu queria dar um abraço em quem teve a ideia de colocar pratos na bateria da Imperatriz. Apesar disso, não achei nada de espetacular na letra, e a melodia é apenas boa.

- Mocidade Independente: "É por ti que a Mocidade canta / Portinari, minha aquarela". Precisava desse trocadilho? Ok, não gosto da Mocidade mesmo, mas... sério, precisava? O refrão do meio é excelente, e a segunda estrofe (que, se entendi direito, fala da obra de Portinari) é bem superior à primeira.

- Unidos do Porto da Pedra: O enredo é bom, a letra é boa, a melodia é ótima. Mas o verso "Iogurte é leite, tem saúde e muito mais", obrigatório por causa da patrocinadora (Danone), ficou bem deslocado. O refrão do meio é um dos melhores do ano.


- Beija-Flor: A volta às letras longas, às palavras africanas e indígenas, aos temas geográficos. Esta sim é a Beija-Flor. E só eu acho irônico um verso "Marrom é o tom da canção" no ano seguinte a um enredo sobre Roberto Carlos?


- Unidos de Vila Isabel: Outro samba que foge à regra. Não na letra ou na melodia, mas na gravação, com um coro dividido em duas partes. Acho o verso "Incorpora outra vez Kizomba e segue na missão" muito forte. E me agrada muito a volta de um verso falando do amanhecer (a redução do número de escolas praticamente acabou com os desfiles à luz do dia).


- São Clemente: Samba tão confuso quanto o do Salgueiro em 2011. Não se sabe se a escola vai contar uma única história ou citar os musicais (enredo deste ano) separadamente, sem buscar uma conexão entre eles. A melodia, acelerada porém boa, salva a obra.


- União da Ilha: Infelizmente a letra não está à altura do enredo. Mas o refrão do meio é muito bom!


- Acadêmicos do Salgueiro: Péssimo. Colocaram todos os clichês sobre o vocabulário supostamente nordestino num saco e foram tirando um a um e jogando aleatoriamente na letra. Só a melodia (principalmente as fusões com o forró) se salva.


- Mangueira: Incrível como a Mangueira consegue fazer sambas tão bons e desfiles tão ruins... Eu não gosto dos "três tenores", acho muita gente pra uma música só, mas essa gravação ficou muito boa, e ainda melhor com as participações especiais de Jorge Aragão e Beth Carvalho. A letra, citando trechos de músicas do Cacique de Ramos, é uma obra-prima.


- Unidos da Tijuca: Um bom exemplo de como fazer um samba sobre o Nordeste sem usar clichês (viu, Salgueiro?). A letra também usa versos de músicas de Luiz Gonzaga, mas de uma maneira tão sutil e inteligente que eu não consegui perceber logo de cara.


- Acadêmicos do Grande Rio: Eu quase chorei quando li a sinopse (é sério). Pena que o samba seja meio fraco. E a melhor parte (o meio da segunda estrofe) trataram de estragar mudando a letra da obra campeã das eliminatórias ("Faço da vida um grande festival" por "Em Parintins um grande festival).

Notas
Pos.
Escola
Letra
Melodia
Gravação
Média
1
Renascer de Jacarepaguá
9,5
9,8
10
9,77
2
Portela
10
10
9,9
9,97
3
Imperatriz Leopoldinense
9,5
9,8
9,8
9,70
4
Mocidade Independente
9,5
9,8
9,9
9,73
5
Porto da Pedra
9,7
10
10
9,90
6
Beija-Flor
10
9,9
9,9
9,93
7
Vila Isabel
9,9
10
10
9,97
8
São Clemente
9,4
9,8
9,9
9,70
9
União da Ilha
9,6
9,7
9,9
9,73
10
Salgueiro
8,8
9,8
9,8
9,47
11
Mangueira
10
10
9,9
9,97
12
Unidos da Tijuca
9,8
9,9
10
9,90
13
Grande Rio
9,6
9,9
9,9
9,80


Você pode ouvir e baixar os sambas aqui.

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